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Mapa de Villa Boa de Goyas, datado de 1782.
Mapa de Villa Boa de Goyaz, datado de 1782.

De Vila Boa à Cidade de Goiás

O conhecimento cultural e histórico de Goiás é como um mergulho em tons de brasilidade, com seus costumes próprios, tradição familiar e regional. Um passeio pelas ruas da histórica cidade enriquece a nossa identidade brasileira, recheada de crenças e artes próprias, mas que fazem parte de nossa construção como nação.

Durante o século XVII o sertanista e bandeirante Bartolomeu Bueno da Silva, o Anhanguera, organizou uma Bandeira rumo ao sertão brasileiro. Acompanhado de seu filho de mesmo nome e na época com 12 anos, explorou a mata chegando ao interior do Brasil. Com a morte de Bartolomeu Bueno pai, seu filho tentou refazer a expedição do pai cerca de 40 anos depois, em 1722.

Conhecido então como segundo Anhanguera, Bartolomeu Bueno da Silva conseguiu encontrar ouro nas margens do Rio Vermelho em 1725. A partir de então, fundou o povoado da Barra e depois o Arraial de Sant’Anna. Com a grande quantidade de ouro que foi extraído das minas, a importância econômica da região era tanta para a Coroa Portuguesa, que o pequeno povoado de Arraial de Sant’Anna foi elevado à categoria de Vila, e em meados de 1750 denominado de Villa Boa de Goyas.

Até 1750 o território pertencia à capitania de São Paulo, somente a partir dessa data e devido a sua independência econômica, surge então à capitania de Goiás. Os principais povoados e arraiais surgiram no momento do ciclo do ouro no século XVIII, o primeiro governante enviado à nova capitania foi Dom Marcos de Noronha, o Conde dos Arcos. A mineração em Goiás teve o seu ápice em 1750 e, a partir de então, a extração e exploração do ouro foi diminuindo drasticamente e de 1770 adiante a mineração entrou em decadência, o que gerou abandono por grande parte desses povoados.

Após o período de extração do ouro, a economia goiana no século XVIII e XIX passou a se dedicar mais às atividades ligadas a pecuária e agricultura. No século XX, Goiás desenvolveu a agricultura como principal atividade econômica, e durante as três primeiras décadas do século passado, Goiás continuou atrelado à política oligárquica da Primeira República.

A Abolição da escravidão em 1888, não alterou as condições de trabalho e de moradia dos escravos que viviam em Goiás, a exploração era contínua e geral, e a minoria de coronéis mantinha seus interesses lucrativos e expansionistas. Durante o século XX, a oligarquia política tomou o poder do Estado até a Revolução de 1930.

Getúlio Vargas, que havia instalado a Revolução, monopolizou o poder e nomeou o interventor Pedro Ludovico Teixeira, que fazia oposição a tradicional família Caiado. Sendo um dos primeiros atos de Pedro Ludovico executar a política de transferência da capital. Primeiro realizou um levantamento para escolha do local onde seria construída a nova capital, a região escolhida era próxima à cidade de Campinas (Campininha das Flores). Depois iniciou as obras da construção da nova capital, Goiânia, em 1933. A velha cidade perdeu seu ofício e um decreto no ano de 1937, colocou fim aos 200 anos da Cidade de Goiás como capital.

Goiás do passado. Vista da cidade com o Morro da Índia ao fundo; lavadeiras no rio Vermelho; Mercado Municipal inaugurado em 1926.

A preservação regional começou na década de 1950, quando alguns monumentos foram tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), e em 1978 todo o Centro Histórico foi protegido, devido a sua importância histórica, arquitetônica e urbanística, sendo reconhecido pela UNESCO como Patrimônio da Humanidade no ano de 2001.

Muitos são os pontos turísticos na velha cidade. A Serra Dourada, que serve de anteparo à cidade de Goiás, foi formada há cerca de 500 milhões de anos. Suas formações rochosas ricas em cristal de quartzo e arenitos possuíam também ouro, mas em pouca quantidade comparada a outras regiões, como Minas Gerais. O nome da serra faz referencia ao incrível reflexo da luz do sol em suas escarpas, que reluz em tons de dourado. A região faz parte da Área de Proteção Ambiental da Serra Dourada, possuí 35 mil hectares e abriga uma reserva biológica, administrada pela Universidade Federal de Goiás (UFG), repleta de exemplares da fauna e da flora do Cerrado, diversas nascentes, cachoeiras, trilhas, mirantes com paisagens lindas e únicas, de um pôr do sol resplandecente, que cativa a todos os moradores e turistas tamanha a sua beleza.

As construções na cidade são do período Barroco. É obrigatório voltar no tempo em um passeio pelas suas ruas com pedras irregulares, observando o casario barroco, onde se destaca a casa da poetisa Cora Coralina na beira do rio Vermelho, que corta a cidade, e um dos mais procurados pontos turístico de Goiás.

Nas esquinas da velha Goiás misturam-se igrejas, museus e prédios públicos. As atrações mais populares são o Museu das Bandeiras, o Palácio Conde dos Arcos, o Mercado Municipal e as igrejas de Santa Bárbara e São Francisco de Paula. O Chafariz de Cauda, é uma linda construção de desenho barroco na imensa praça em frente a antiga Câmara dos Vereadores e de sua prisão no piso inferior, hoje abrigando o museu das Bandeiras. Sem dúvida um dos pontos da cidade favoritos para registrar o momento.

As tradições culturais e religiosas da cidade são um capítulo à parte. Além da poesia de Cora Coralina, cuja casa foi transformada em museu, são famosas as pinturas da artista plástica Goiandira do Couto, que retrata as paisagens feitas com as areias coloridas da Serra Dourada, que ganharam fama em todo território nacional. As peças barrocas de Arte Sacra de José Joaquim da Veiga Vale, expostas no museu da Igreja da Boa Morte, ou as imensas pinturas do frei Giuseppe Confaloni que decoram o interior da Igreja do Rosário, emocionam aos visitantes por sua beleza e demonstração de fé.

A cidade sedia também diversos eventos e festivais de música, literatura, cinema e gastronomia, demonstrando a diversidade cultural e importância da cidade na cena artística brasileira.

O Morro do Cantagalo é de onde foram retiradas as pedras que calçam as ruas de Goiás Velho. Saindo da Igreja de Santa Bárbara começa a trilha de degraus de pedra que leva ao morro e oferece uma vista de tirar o fôlego de todo entorno da velha cidade, com a Serra Dourada ao fundo. O local é cheio de mistérios e lendas sobre esconderijos de ouro deixados pelos escravos. Toda a cidade esta recheada de lugares com história e cultura, para todas as idades e gostos, é o tipo de passeio que encanta e agrega muita cultura regional.

Venha conhecer a cidade de Goiás e reconheça a historia brasileira compartilhada em cada esquina nossa.